quinta-feira, 25 de julho de 2013

Tic-tac…Tic-tac… E a hora corre mais um pouco. Pare! Me dê carona, dona hora. Leva-me para ele…
Eu estava debruçada sobre uma mesa empoeirada e desprovida de quaisquer atrativos. Uma vela acesa, um blues suave acompanhava a lentidão dos passos dos garçons. A multidão sonolenta que por hora ria da mesmice e dos goles de bebidas quentes que lhes eram servidos, entalhava-se dentre as paredes daquele velho bar, sumindo, deixando-me apenas a vista de velhos quadros sobre rios e mares azuis como o céu num dia de primavera. Não havia nada que tivesse um atrativo digno de ser observado, até que meus pensamentos flutuaram até ele. Era como se tudo que estivesse a minha volta não fizesse sentindo, ou até fizesse, mas falta algo/alguém/ele. Meus olhos fixos num guardanapo manchado com um batom vermelho me tiravam alguns suspiros: ''Ele poderia estar aqui.'' O barulho do relógio por algumas vezes se tornava insuportável. O meu peito estalava só de pensar naquele garoto... Eu o queria ali.
3 am. O sono não me deu notícias, a única coisa que pairava dentro de mim era a falta que eu sentia dele.
A brisa fria do outono adentra pelas pernas finas da garotinha que passeia pelo jardim de flores mel-cores e mel-doces. A dança ritmada das camélias juntamente com a valsa desgovernada dos beija-flores floreava os cabelos preto-ondulados da garotinha. 
Ah, a lua! A lua era a paixão da garotinha. Sentava-se constantemente naquela grama esmeralda e contava estrelas... perdia-se no tempo, flutuava e bailava pela imensidão estelar. Guardava estrelas no bolso amarrotado da jaqueta cor de nuvem, enfeitava os cabelos com fitas cor de poesia, cantava-encantava-espalhava-espreguiçava-a-alma-florida-de-menina-ingenua-e-espevitada.
Caem folhas no meu deserto
Folhas turvas
Trazem à tona meus devaneios oníricos
Poesias e folhas murchas
Tu me trouxestes em pleno deserto
Danças, beijos, blue
A valsa que conduz a nossa rima.
Na lua
encontrei
minha doce
margarida.
E de repente
a imagem refletida no espelho
parte-se lentamente
cacos de medo se desprendem
lembro-me onde tudo começou
A lua me deixa assim!